Somos filhos desta terra
donde o sangue tinge o chão
expurgo das tristes mazelas
que formaram esta nação.
O assassinato do povo nativo
exterminado e violentado aos milhões
aos sobreviventes deram o nome de índio
corrompendo sua alma nas missões
O lamento do povo africano
pele, sangue e suor servil
supliciado ao lucro do branco
que tanto explorou o Brasil.
Madeira, ouro ou diamante
cana-de-açúcar, algodão ou café
enriqueceram o explorador estrangeiro
com o aval da Santa Sé
E quando surgiram as revoltas
pela liberdade deste país
a coroa aniquilou todas
do interior ao abaís
Como pode uma terra assim
onde poucos têm muitos na mão
tratando seja qual for o assunto
num escandaloso acordão.
Da independência ao impeachment
um grande pacto nacional
estancando qualquer sangria
que ulcere a oligarquia ou a família real.
Poema extraído do livro “O Mundo do Poeta”, 2020.

Autor

Mário L. Cardinale é capriconiano, natural de Poá município da Grande São Paulo.
Formado em Farmácia, atualmente embrenha-se no estudo das humanidades, sendo a filosofia, a política, a música e a literatura suas paixões.
É casado, pai de Alice e Gael. O poeta dedica-se à escrita há cinco anos, lançando no final de 2020 uma reunião de seus primeiros poemas intitulada “O Mundo do Poeta”.
Instagram: @mariolcardinale