Brilho da alegria,
Clima festeiro.
É o circo da folia
Quando ergue o picadeiro.
E quem mais pode ser seu representante melhor
Do que o nobre piadista-mor,
O curinga de face pintada,
O palhaço de risada engessada.
Que num momento de emoções extasiadas
Resolveu desandar a fazer palhaçadas
Para compartir as suas gargalhadas
Com o respeitável público.
Mas e quando a própria alma não sorri
Enquanto a plateia anseia para somente se divertir?
“Me distraia, já perdi a novela apenas para vir!”
“Eu paguei minha entrada, quero que me faça rir!”
Seria um processo de valorização das próprias capacidades
Que acabou numa escravização pelas alheias vontades?
Na verdade, não estamos sozinhos no mundo.
Sempre se devem atender às reivindicações mais profundas,
Mas sem esquecer de tudo a nossa volta
Como se tudo se resumisse a frases soltas.
E, por isso, o palhaço falou.
Botou para fora a sua mágoa, desabafou.
O público não falava mais, chocado.
O palhaço foi até o fim, se emocionou.
E o público calado, perpetuamente petrificado.
O palhaço pensou, por sua parte,
Que estivesse tudo terminado.
Foi bem quando o público, reanimado,
Fez eclodir os aplausos mais sinceros que já havia escutado.
Autor

Leandro Dupré Cardoso é o criador da página Olhar para Dentro.
Administrador paulistano nascido em 1993, é produtor de artigos para o blog Obvious e foi indicado para a fase final do Prêmio Strix 2016 e 2017 pelas publicações em coletâneas de contos da Editora Andross. Tornou-se jurado do Prêmio Strix em 2018 e 2019.
É autor dos livros de ficção “O rico, a velha e o vagabundo”, “A era i-Racional”, “Samádia – A lenda da ilha perdida”, bem como da série “O Pinheiro”, entre outros publicados pelas Editoras Andross, Clube de Autores e Kindle Direct Publishing (Amazon).
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