Me espanta a aranha
que no céu balança
presa no topo do arranha-céu.
O vira-lata passa,
o velho parvo, a criança chata
a puta, o padre e o praça
debaixo do prédio
a língua solta
fissuras no céu da boca.
Certeza! Não é pala!
É a aranha que baila
presa no topo do arranha-céu.
Fezes, urina e catarro
imagem da santa lascada,
perdendo tinta, expondo o barro
vela acesa, fumo fétido
revela pensamento místico
travestindo um caos idílico.
Eu vejo da teia a trança,
voo no vento, a dança,
a aranha o chão alcança
a fome assola,
a aranha salta, decola
presa no topo do arranha-céu.

Autor

Mário L. Cardinale é capriconiano, natural de Poá, município da Grande São Paulo.
Formado em Farmácia, atualmente embrenha-se no estudo das humanidades, sendo a filosofia, a política, a música e a literatura suas paixões.
É casado, pai de Alice e Gael. O poeta dedica-se à escrita há cinco anos, lançando no final de 2020 uma reunião de seus primeiros poemas intitulada “O Mundo do Poeta”.
Instagram: @mariolcardinale