Ando na ponta dos pés
assim fico mais perto
das estrelas
mesmo que meus dedos
ainda toquem o chão
e minhas mãos não alcancem
o firmamento, estendo-as.
Olho pro céu
a treva total encobre a lua
cosmonauta no escuro
a vida tá louca na terra
adoecendo todo mundo
pra burro
o salário cada vez
mais escasso,
o trabalho cada vez
mais duro.
Ando na ponta dos pés
me ponho entre o sol e a lua
e os lunáticos?
como estarão enxergando agora?
lá fora, no frio do fim da noite
por uma lente convexa
vejo crateras vermelho-alaranjadas
vem e vão as madrugadas
insônias, leituras, escritas, delírios
e baforadas.
O sol, estrela-mor
de um sistema ínfimo
numa galáxia láctea
e este planeta alérgico
longe do buraco negro
da minha cabeça chata
de pensamentos vagos
em noites mal dormidas.
Ando na ponta dos pés
não alcanço as estrelas
o escuro da lua acentua o brilho
de astros mortos
a bilhões de quilômetros.
Ando na ponta dos pés…
quando durmo até sonho
mas não chego a lugar algum.

Autor

Mário L. Cardinale é capriconiano, natural de Poá município da Grande São Paulo.
Formado em Farmácia, atualmente embrenha-se no estudo das humanidades, sendo a filosofia, a política, a música e a literatura suas paixões.
É casado, pai de Alice e Gael. O poeta dedica-se à escrita há cinco anos, lançando no final de 2020 uma reunião de seus primeiros poemas intitulada “O Mundo do Poeta”.
Instagram: @mariolcardinale
Lindo poema, obrigado por compartilhar ✨️
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