A última edição do evento “Livros em Pauta”, organizado pela Editora Andross, ocorreu em 07/05/2022 e providenciou o lançamento de diversas antologias de contos e livros solo de autores nacionais. Entre os lançamentos está o livro “Retalhinhos”, de Fátima Rossi, produzido pela Editora Simbiose.
Fátima também participou do mesmo evento publicando contos nas coletâneas “Caixa de Memórias” (contos em homenagem a pessoas que já se foram) e “Elementais” (contos fantásticos) e agora nos relatou um pouco sobre esta nova publicação que conta com 41 microcontos de sua autoria:
Conte um pouco sobre você!

Sou engenheira civil de formação e exerço a profissão há 42 anos.
A leitura sempre foi um hobby. Comecei muito pequena por incentivo da minha mãe. Ela era fã de Monteiro Lobato, li muitos livros dele. Também a banca de jornal era o tesouro dos quadrinhos da época, eu ia pegar o jornal com meu pai e ganhava as revistinhas para dividir com meu irmão. Éramos incentivados a ler tudo. Sem censura. Fato quase inédito para a época.
Aos 12 anos, pedi e recebi das mãos da minha mãe, o livro “Cem anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, então a minha relação com a leitura e a vida mudou. Nunca mais fui romântica. A leitura precisava ser densa, trazer novos conhecimentos, novas realidades. Hoje tento resgatar a doçura latente perdida na adolescência.
Tenho também uma relação muito forte com minha terra natal ( Ceará) e me interesso por nossa cultura. A linguagem popular me fascina, visível em determinados momentos da minha escrita.
Sempre alimentei a vontade de escrever, mas estive muito envolvida com trabalho e família. A escrita surgiu definitivamente em 2021, com a pandemia e a aprovação do meu conto “Assopro na alma” no livro “Elementais”. Escrever me trouxe um aconchego para a alma.
Como surgiu a ideia do livro “Retalhinhos”?
Quando entrei na Editora Andross em 2021 comecei a fazer parte das maratonas de microcontos. Estudei o livro da Andross para o assunto e observava a escrita dos amigos no grupo para aprimorar a minha. Então fui convidada pelo Edson Rossatto, a quem agradeço de coração a oportunidade, para trabalhar um livro solo de microcontos. Aceitei de imediato, nascendo o “Retalhinhos”, fragmentos conectados. Trabalhei alguns meses com muito receio, mas quando a editora fez a seleção final dos contos me senti gratificada.
Quais temáticas serviram de inspiração para seus microcontos? Como foi o processo de criação?

Quando escrevo microcontos sempre procuro temáticas populares. Muitas vezes não são meus pensamentos que estão expressos, mas sim como eu vejo que um determinado núcleo social percebe algumas situações.
No processo de criação os temas vão variando a todo momento. A própria visão do mundo muda a cada escrita. Varia com o humor, os acontecimentos do dia, as notícias dos jornais, com as memórias. Durante o processo tudo é microconto. Todos são personagens que não sabem que estão sendo observados nessa perspectiva. Vale tudo: as fofocas da vida alheia, principalmente do passado, ganham vida. As lamúrias, os comentários escutados na infância em choque com a realidade atual. As vontades, as frustrações, tanto as nossas como as dos outros. As conversas paralelas nas mesas dos bares. São os sentidos em alerta. O caos no trânsito passa a ser um grande aliado como um rápido momento para reflexão. Tudo ganha vida e vira história. Os relacionamentos estão presentes nos meus microcontos de forma estereotipada, trágicos e cômicos, como é o humor cearense.
Quais seus microcontos preferidos na obra e por quê?
O segundo microconto é minha alma. Foi um diálogo uns anos atrás com meu filho especial depois dele ter acordado muito mal humorado.
—Dormiu bem?
—Não.
—Sonhou com o quê?
—Com os anjos.
Foi a primeira ou talvez a única vez que ele deixou claro que tinha sonhado e que eu acho que não foi verdade, tendo sido uma resposta para a frase repetida todas as noites “Sonhe com os anjos”.
Qual a grande mensagem que você pretende passar com o livro?
Os microcontos do livro, apesar do aspecto cômico, refletem em geral uma realidade muito dura e sofrida do nordeste, mas que se encaixam na sociedade brasileira em geral. Existe um alerta de liberdade que grita em cada narrativa atrevida.
Como podemos adquirir o livro? Quais os contatos em que podemos falar com você?
O contato pode ser comigo mesma através do Instagram @barbosafatimajereissati ou no número Whatsapp (85) 99688-5227.
Tem algum novo projeto em vista que possa nos contar um pouco?
Pretendo continuar participando das Coletâneas da Andross , estou trabalhando alguns contos para esse ano.
Tenho também um livro infantil ilustrado que deve ser lançado até agosto de 2022 chamado “Um super-herói de óculos amarelos “, uma história em quadrinhos de uma criança especial que acredita ser um super-herói de verdade e se perde da família durante uma corrida de cavalos.
Conheci a Fátima através da Andross e tivemos uma identificação imediata, ela é uma das amigas queridas que a escrita me deu. Uma conterrânea nordestina, cujas produções textuais são incríveis, no seu livro Retalhinhos pode-se ter a noção de seu senso de humor e perspicácia na observação de fatos do cotidiano. Parabéns, Fátima, pelo seu Retalhinhos. Gratidão por todos os bons momentos compartilhados.
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Oi, Cida!
Tem sido um grande prazer a nossa convivência na Andross.
A sua presença sempre positiva agrega mais ainda o grupo, e pessoalmente temos as nossas afinidades nordestinas.
A sua escrita é marcante e muito emocionante. Uma das escritoras que muito admiro na Andross.
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Novamente gostaria de agradecer ao amigo Leandro Dupré a maravilhosa oportunidade para manifestação do nosso trabalho.
Desejo muito sucesso e novas oportunidades juntos.
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